quinta-feira, 20 de novembro de 2025

O Sudão e a Somália continuam a perder muito território

 A guerra civil no Sudão parece continuar, apesar da reconquista do palácio presidencial por Abdel Fattah al-Burhan em Março. Os festejos acabaram por ser prematuros porque os paramilitares da RSF regressaram aos combates e à tomada de cidades importantes. 

A divisão num país que perdeu grande parte do território, nomeadamente no sul só poderá ser resolvida com mais um acordo que satisfaça as duas partes no conflito. Ou seja, o governo fica uma parte do território e o RSF controlam a outra. 

Isto parece ser a proposta dos Estados Unidos, que foi aceite pelos opositores ao governo. No entanto, o general al-Burhan não quer conversar com ninguém e prefere estender a guerra civil por tempo indeterminado. A Arábia Saudita e outros países não estão ao lado do actual regime. 

A Somália também vive uma situação semelhante após a declaração de independência de Somaliland e do recente conflito em Jubbaland. O Al-Shabbab e outros grupos terroristas continuam a ameaçar a integridade territorial que mantém a sede em Mogadíscio, que também recebe apoio norte-americano e turco.  

quarta-feira, 12 de novembro de 2025

A Europa já está a conseguir isolar Israel

 Os constantes bombardeamentos de Israel contra Gaza estão a gerar revolta em quase todo o mundo, nomeadamente na Europa, que também mostrou solidariedade após os ataques do Hamas no dia 7 de Outubro de 2023. A paciência de alguns países para as constantes violações dos acordos de cessar-fogo já parece ter chegado ao fim.

A Espanha foi um dos primeiros a mostrar discordância com os bombardeamentos de Telavive ao reconhecer a integridade territorial da Palestina. O Reino Unido e a França, que têm muito mais peso político na região optaram pelo mesmo caminho. A Itália foi mais longe ao cortar relações diplomáticas com a administração liderada por Benjamin Netanyahu.

As posições britânicas são as únicas que podem alterar o comportamento israelita devido à influência e o historial naquele lugar do mundo. Contudo, parece não existir muito respeito por aquilo que os ingleses conseguiram fazer pelos dois lados do conflito. A via pacífica através da manutenção dos dois Estados parece não agradar aos palestinianos nem a israelitas, que pretendem resolver o problema pela força. 

A tentativa do Velho Continente isolar Israel terá poucas consequências que não impedem os ataques contra Gaza e o Sul do Líbano. Poderão existir algumas mudanças, sobretudo no plano político e económico, mas Telavive vai manter o apoio do maior aliado como são os Estados Unidos, que continuam a dar prioridade aos Acordos de Abraão para manter a segurança do estado judaico na região, independentemente de haver ou não um território palestiniano no futuro.

terça-feira, 4 de novembro de 2025

Donald Trump tem tido vitórias internas suficientes para cumprir o mandato até ao fim

 Um ano após a segunda eleição de Donald Trump como Presidente dos Estados Unidos pode dizer-se que o desempenho é positivo, apesar da popularidade não ser a melhor. No entanto, desta vez não vai haver uma reeleição.

As mudanças no plano interno foram a prioridade da nova administração, nomeadamente acabar com o wokismo que marcou a administração Joe Biden. O país virou totalmente à direita de um dia para o outro, mas alguns acham que foi apenas reposta a normalidade no funcionamento do governo. 

Os receios de que iria ser definido um caminho rumo ao totalitarismo, sobretudo com o fim da liberdade de imprensa não se verificaram nem mesmo a tentativa de controlar o Congresso, apesar dos republicanos terem a maioria da Câmara dos Representantes e do Senado. As medidas que implementou não colocam em risco um impeachment se os democratas vencerem as eleições intercalares dentro de um ano. 

No plano externo existiram grandes feitos desta administração, em particular os vários acordos de paz que foram celebrados. O Cambodja e a Tailândia não voltaram a agredir-se, a Arménia e o Azerbeijão sentaram-se à mesa muito tempo depois, sendo que, a Índia e o Paquistão já conseguem falar um com o outro. 

Apesar destas vitória, a Casa Branca ainda não conseguiu arranjar uma solução equilibrado para o problema entre Israel e a Palestina sem ter que apoiar uma das partes. Contudo, existem alguns sinais dos Estados Unidos em suportar a solução dos dois Estados. O maior problema para Trump será convencer a Rússia a terminar com a guerra contra a Ucrânia. O velho amigo Vladimir Putin não tem qualquer vontade de mostrar a força militar e política também perante os norte-americanos. 

sexta-feira, 3 de outubro de 2025

Hamas e Israel vão ter dificuldades em implementar o plano apresentado por Trump

A proposta dos Estados Unidos visa acabar com a influência do grupo na faixa de Gaza, sendo substituído por uma entidade de transição, que conta com o apoio da maioria dos países árabes. Durante esse período, o exército israelita terá de retirar-se gradualmente dos territórios que foram ocupados nos últimos dois anos. 

Existe aqui um caminho para a paz e mais importante do que isso, alimenta a esperança de haver uma solução de dois Estados. O palestiniano e o israelita, mas isso é outro problema que tem de ser resolvido mais tarde. A prioridade passa por acabar com os bombardeamentos e ataques cirúrgicos como aconteceu no dia 7 de Outubro de 2023.  

O plano apresentado por Donald Trump para o futuro de Gaza dificilmente será aceite pelo Hamas. O grupo que mantém a liderança naquele território prefere lutar com as forças israelitas até ao último minuto do que render-se, sendo que, os militantes não pretendem viver no exílio.

Não será fácil convencer os israelitas para aceitarem este plano, mesmo que tenham recuperado todos os reféns, só que, Benjamin Netanyahu está totalmente dependente das decisões de Washington para o bem e para o mal e independentemente de quem estiver sentado na Casa Branca. Os recentes ataques contra o Qatar e a manutenção das tropas na fronteira com o Líbano, dois amigos dos norte-americanos na região, já colocaram em causa o estado de graça de Telavive. 

sexta-feira, 5 de setembro de 2025

O Ocidente tem três inimigos com que se preocupar

 O recente encontro entre Xi Jinping, Vladimir Putin e Kim Jong-Un mostra que o Ocidente tem três inimigos de peso com que se preocupar em diversos níveis. Existem outras potências que não são favoráveis às políticas ocidentais, como o Brasil, Argentina e o Irão. No entanto, neste momento, o que conta é a ameaça militar que representam a China, Rússia e a Coreia do Norte para o resto do planeta. 

Os russos já mostraram o poder da máquina de guerra através da invasão da Ucrânia, sendo que, dificilmente vão aceitar qualquer propostas que não seja continuar a ocupação. Moscovo também rejeitou as propostas provenientes dos Estados Unidos para acabar com o conflito, o que é um sinal de confrontação política, mesmo com a mudança de inquilino na Casa Branca. 

A China mantém as ameaças a Taiwan, mesmo contra a vontade dos norte-americanos e sob pena de existir um isolamento internacional semelhante ao que sucedeu com a Rússia. Contudo, a influência económica em muitos países pode originar uma postura diferente. A relação com a nova administração norte-americana não é a melhor, mas existe a possibilidade de um entendimento para manter o equilíbrio geopolítico. 

A última ameaça à segurança mundial chama-se Coreia do Norte, que também provoca constantemente os vizinhos do Sul e o Japão. Donald Trump será novamente obrigado a reunir-se com um ditador para evitar um conflito regional. 

quinta-feira, 7 de agosto de 2025

Donald Trump cumpriu com as promessas eleitorais internas, mas ainda não conseguiu mudar o mundo

 No próximo trimestre completa-se um ano depois da segunda vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais norte-americanas. As primeiras mudanças já se fazem sentir, sobretudo no plano interno, que foi a prioridade da administração norte-americana.

A tentativa de mudar algumas mentalidades, nomeadamente com o fim do wokismo em vários sectores da administração pública, parece estar a ser aceite pela população. Apesar de tudo, tem existido alguns excessos, sobretudo na relação com os outros poderes públicos e a imprensa. 

A nova administração também actuou com rapidez e eficácia na principal questão que possibilitou a segunda eleição. A população pediu medidas mais severas para controlar a imigração que estão a ser devidamente executadas. A fronteira com o México parece estar mais segura do que aconteceu nos últimos anos. No plano negativo em termos internos é a perseguição a membros do último executivo, em particular os que fizeram parte do governo Biden, mas também aos actores judiciais que tentaram impedir Trump de regressar à Casa Branca.

A política externa norte-americana não tem sofrido muitas mudanças porque continua a existir vontade por parte dos Estados Unidos em resolver os conflitos através da força política e económica, como se nota na recente imposição de tarifas a vários países. O único recurso à capacidade militar surgiu para destruir três centrais nucleares no Irão. O que surpreende nestes meses de mandato é o reforço da aliança com o Reino Unido, mesmo sendo liderado por um governo trabalhista.

quarta-feira, 23 de julho de 2025

A Rússia quer continuar a mostrar superioridade e força, apesar de não estar a ganhar a guerra

 A falta de entendimento na terceira ronda de negociações entre a Rússia e a Ucrânia mostra que a guerra está muito longe de acabar, ao contrário do que pretendem Donald Trump e Recep Tayyip Erdogan. Neste momento, o único ponto positivo é mais uma troca de prisioneiros de guerra.

Desta vez nem foi preciso uma hora para mostrar que dificilmente será alcançado um acordo relativamente ao controlo do leste ucraniano, à soberania da Crimeia e se a Ucrânia pode ou não entrar na NATO e na União Europeia. O posicionamento da Rússia relativamente à Europa também deve ser debatido para evitar novos conflitos no futuro. 

Perante a falta de diálogo é natural que não se coloque a hipótese de um cessar-fogo, que obviamente serviria para iniciar um caminho sobre as questões mais importantes. A Ucrânia continua a mostrar disponibilidade para acabar com os ataques em território russo com o objectivo de ganhar a confiança de Donald Trump, enquanto Moscovo assume uma posição de força que vai ser prejudicial no futuro. 

Um encontro entre Vladimir Putin e Volodymyr Zelensky também está fora de questão. Contudo, o líder ucraniano continua aberto à realização da única reunião que acabava com a guerra. O Presidente da Rússia entende que não tem de fazer cedências porque se encontra numa posição mais favorável, apesar de nunca ter conquistado Kiev.

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